25 de abr. de 2010

VIVER


José B. Queiroz

Viver é percorrer caminhos que se abrem entre as extremidades da vida. É deixar uma mensagem – mesmo de apenas uma linha – gravada no coração das pessoas.
Viver é partir para a jornada de alma aberta, sem medo de tropeçar nas pedras que o destino coloca em nosso caminho. É usar essas pedras como passarela para alcançar os jardins que se abrem à frente.
Viver é sentir-se cada vez mais jovem, mesmo quando os anos caminham na direção oposta. É estar no infinito, sem temer que o tempo nos alcance e nos ultrapasse. Viver é prolongar cada minuto de alegria e felicidade até o limite do tempo, é congelar cada momento de tristeza e agonia até a sua entrada no passado. É não ter medo da poeira dos anos nem do adeus à vida.
Viver é acreditar até naquilo que parece impossível ou parece não existir, é caminhar sempre em frente ao encontro do futuro, é ter a certeza de que o amanhã será melhor do que o hoje.
Viver é ter lágrimas para derramar nos momentos de dor, ter sorrisos para brilhar nos instantes de felicidade. É não trancar os sentimentos dentro do coração. É não deixar que as realidades destruam a esperança em um novo dia, por mais crueis queas sejam. Viver é não dar importância às decepções causadas pelas pessoas que encontramos pela vida afora. É desfrutar de alegria em todas as partes, em todos os momentos. É sorrir para a vida como as flores sorriem para os colibris.
Viver é ter coragem de mudar a direção da vida, quando os caminhos se mostram difíceis e pedregosos. É ser capaz de enxergar um novo vale, sem necessidade de subir a montanha. É soltar as algemas que nos tornam prisioneiros de ideias atropeladas pelo tempo.
Viver é ser um companheiro inseparável do tempo. Não deixar que ele nos abandone. É ver o dia nascer e a sua pressa em se por. É insistir em estar presente no dia de amanhã, para continuar escrevendo a história. É gostar mais das horas futuras do que dos momentos passados.
Viver é cruzar a fronteira do tempo todos os dias; caminhar na direção das estrelas mesmo sabendo que não irá tocá-las. É deixar o passado para aqueles que não querem mais caminhar.
Viver é realizar uma viagem sem volta, sempre com entusiasmo e magia. É fazer de cada fase da vida um novo começo, sem nunca pensar que tudo terá um fim. O fim só existe para quem deixa de contemplar o silêncio das tardes e o canto das madrugadas.
Viver é compreender toda a grandeza do universo, como a imensidão das águas, o colorido das estrelas, o infinito do ceu. É estar sempre presente na vida como o perfume está nas flores, como a beleza está no mar.
Viver é enxergar as belezas que cruzam os nossos olhos, como o verde das matas, a negritude dos montes, a candura da neve. É sentir a suavidade do vento que balança a folhagem das palmeiras.
Viver é reencontrar o vale da alegria que fugiu da alma; é redescobrir as rosas que se esconderam nas pedras; é recuperar a paz que o vento levou; é reacender a chama que o tempo extinguiu; é voltar a sorrir; é reconstruir a felicidade...
Viver é enxergar a obra do Criador, em toda a sua grandeza e perfeição. É dar sentido à paz, ao amor e à vida. É ter tempo para ouvir as pessoas, para conversar com Deus, para humanizar a alma, para ser gente...
Viver é mergulhar o pensamento em sonhos e fantasias; é ornamentar a alma com sorrisos e alegria; é abrir o coração para o amor e as mensagens divinas. É ser como o arvoredo que acolhe as andorinhas migrantes em busca de pouso.
Viver é ter saudade do passado, alegria no presente, esperança no futuro. É amar a vida e cultivar uma grande vontade de ser feliz.

6 de abr. de 2010

Homossexuais nas Forças Armadas

José B. Queiroz

Inicialmente, vamos ver o que reza a Constituição Federal sobre o assunto. O Inciso IV do Art. 3º diz que um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. O referido artigo se refere à obrigatoriedade do Estado em promover o bem de todas as pessoas, sem qualquer discriminação. O Inciso XIII do Art. 5º diz que “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. A própria Constituição dá liberdade para a lei estabelecer qualificações necessárias para o exercício de uma profissão. Uma pessoa com deficiência visual, por exemplo, não atende as qualificações necessárias para o exercício de uma atividade como a de um soldado combatente ou a de um médico cirurgião. O Inciso X do Art. 142 diz que “a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, .... e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, ....”. Este artigo reconhece as peculiaridades da atividade militar e permite que a lei estabeleça condições especiais para o ingresso nas Forças Armadas. Os preceitos estabelecidos no Art. 3º não têm, portanto, amplitude absoluta.

O texto constitucional permite que a lei ordinária estabeleça condições para o exercício de uma atividade profissional. Não se trata, portanto, de um preconceito, mas de qualificações especiais exigidas pela profissão. Resta analisar as peculiaridades da profissão militar e as características do homossexual, para verificar a sua compatibilidade. As Forças Armadas destinam à defesa da Pátria, mesmo que para isso tenham que realizar operações bélicas. O integrante dessa Força deve, portanto, ser preparado e adestrado para a guerra, mesmo sendo ela o último recurso a que recorrem as nações para resolver os seus conflitos. Assim tem sido ao longo de toda a história da humanidade. A guerra não é o objetivo, mas todo país soberano deve estar preparado para ela. O Brasil, por suas dimensões e potencialidades, atrai interesses externos que podem atentar contra a sua soberania. Além disso, ele tem compromissos internacionais de garantia da paz, que devem ser honrados e que exigem o emprego de suas Forças Armadas.

As ações bélicas representam uma das extremidades da violência. O preparo e adestramento do militar devem, portanto, valorizar a ação de comando, a capacidade de chefia e liderança, o controle emocional, a resistência física e psicológica e o desenvolvimento da coragem. A guerra não foi feita para os fracos, porque ela é violenta. A dificuldade em desenvolver numa pessoa essas características exigidas pelas cvondições da guerra é muito grande, mesmo naquelas sem conflitos psicológicos. Pouco se sabe sobre o comportamento do homossexual diante dessas situações de guerra. Sua sensibilidade é muito acentuada e não se pode afirmar, com elevado grau de certeza, que ele será capaz de exercer, em toda a plenitude, a liderança e comandar a tropa nas ações de combate. O problema não está na sua sexualidade, mas na adequação de suas características psicológicas à profissão militar. Além disso, a possibilidade de promiscuidade sexual entre superiores e subordinados pode afetar a hierarquia e a disciplina, tidas como baluartes da profissão militar. Existem homossexuais e homossexuais. Uns exteriorizam, de forma perceptível, a sua homossexualidade e outros não. O problema é, portanto, muito mais complexo do que imaginam os defensores do ingresso de homossexuais nas Forças Armadas. Para avaliar esta compatibilidade é prciso conhecer as características essenciais da instituição, da profissão e do homossexual. É preciso analisar o problema sem emoções e demagogia, mas com responsabilidade e racionalidade. O não ingresso de homossexuais nas Forças Armadas não é questão de preconceito, mas de compatibilidade às peculiaridades da profissão. Nas Forças Armadas não há preconceito sobre o sexo das pessoas. Hoje existem muitas mulheres exercendo funções específicas, para as quais elas não sofrem nenhuma restrição.