5 de jan. de 2010

Recursos Humanos e Desenvolvimento

José B. Queiroz

 

                Todos os países do mundo, que alcançaram condição de potência econômica ou níveis elevados de desenvolvimento, iniciaram sua caminhada priorizando os investimentos em recursos humanos. Eles representam a maior riqueza do país. Os recursos físicos não garantem o desenvolvimento. Há muitos países que, mesmo sendo ricos em recursos naturais, não conseguem atingir níveis adequados de desenvolvimento e bem estar social. Por outro lado, existem inúmeros países que, mesmo sendo pobres nesses recursos, conseguem chegar à condição de potência econômica. Uma economia à base de commodities não é auto-sustentável. É um mercado muito variável. O tempo de carência para a produção desses bens é curto, porque o valor agregado é pequeno. Havendo recursos financeiros adequados, a produção de grãos e minérios pode, em pouco tempo, dar saltos de quantidade. O capital gerado por esse tipo de produção, porém, é pequeno se comparado ao volume exportado. Além dessa desvantagem quanto ao valor de troca, a exploração de recursos físicos tende a ser predatória, causando prejuízos ao meio ambiente. A produção de grãos estimula a expansão da fronteira agrícola e o uso crescente de agentes químicos, causando danos ao solo, às águas e à cobertura vegetal. Uma economia não pode se sustentar apenas na exploração de seus recursos naturais.

            A essência da sustentabilidade de uma economia está na parte humana do país. São as pessoas que produzem e consomem os bens. Esses bens terão tanto mais valor quanto maior for o conhecimento agregado.  A produção exige mão-de-obra qualificada e o consumo, nível adequado de renda. Numa sociedade, com elevadas distorções de renda como é no Brasil, o poder de consumo se restringe a um pequeno segmento. Isso acarreta uma grande vulnerabilidade à situação econômica, ficando ela mais sensível às turbulências externas. Quanto mais linear for o consumo, mais estável é a economia. No capital humano, uma dos grandes desafios onde há grandes distorções sociais é a distribuição de renda. Quanto melhor for essa distribuição, maior será o consumo. O aumento do consumo estimula o crescimento da produção. Outro aspecto do capital humano é a sua qualidade. Essa qualidade advém da saúde e da educação. Sem conhecimento não se pode agregar muito valor aos bens produzidos. O conhecimento tem a sua matriz na educação. Sem fortes investimentos, não se pode ter educação de qualidade e nem mão-de-obra qualificada, capaz de promover e sustentar o desenvolvimento econômico. Além da educação, o capital humano precisa desfrutar de níveis adequados de saúde, para que possa produzir mais e reduzir os investimentos em assistência médica curativa. O capital humano é, portanto, a geratriz do desenvolvimento econômico, a riqueza mais nobre de um país. Ele é a alma das mudanças e das transformações. É a linha de partida para o progresso e o bem-estar de um povo. O capital humano de um país é como o vento que empurra o barco, a água que germina o grão, a chuva que alimenta o rio.